Que a estrela do Novo Ano ilumine teus dias e que o amor de Cristo esteja sempre em teu coração, para que tenhas um ano de paz e alegrias; que o tempo nunca te passe em vão, sem que a vida te ofereça uma oportunidade de olhar para um mundo novo a cada instante!
Saúde, esperança e muitas realizações!!
Com o carinho de Socorro Almeida e Sérgio Malta
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Feliz Natal!
O Natal é símbolo de sonho, amor e compreensão
É motivo de alegria, de esperança de reflexão...
Mas tudo se faz nada,
Sem o consentimento do coração.
Que os anjos de Deus coloquem sobre ti e os teus, a capacidade necessária para a tolerância, a hombridade para o inexorável e a infinita sabedoria para o discernimento. Que a aurora de cada manhã prenuncie um lindo dia e cada estrela na noite, possibilite uma canção!
Feliz Natal e um Ano Novo de alegrias e realizações!!
São os votos de Sergio e Socorro
É motivo de alegria, de esperança de reflexão...
Mas tudo se faz nada,
Sem o consentimento do coração.
Que os anjos de Deus coloquem sobre ti e os teus, a capacidade necessária para a tolerância, a hombridade para o inexorável e a infinita sabedoria para o discernimento. Que a aurora de cada manhã prenuncie um lindo dia e cada estrela na noite, possibilite uma canção!
Feliz Natal e um Ano Novo de alegrias e realizações!!
São os votos de Sergio e Socorro
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Entrevista
Etrevista para os alunos do 8º e 9º ano do Colégio Monteiro Lobato em Paulo Afonso-BA - nov/2011
1- O que seria “Literatura de Cordel”?
S A – É um tipo de poesia popular que traz sempre uma narrativa cantada em versos de sete sílabas. Inicialmente era impressa em folhas soltas, depois passou a ser produzida em pequenos livros chamados também de folhetos, esses confeccionados a partir de papel jornal para baratear o custo, tendo, em geral, de 8 a 36 páginas, impressas no formato 11x16cm, na maioria das vezes, são comercializadas pelos próprios autores, contudo, já se encontra, essa forma literária, em livros e nos sites da internet. Porém sua característica predominante de difusão ainda é em folheto.
2- Qual a proposta do Cordel?
S A – A proposta inicial, era a informação e o entretenimento através de estórias, tanto baseadas em fatos reais quanto imaginárias. Uma das características desse tipo de produção é a manifestação da opinião do autor a respeito de algo sobre a sociedade em que vive. Tem uma temática infinda, versa com graça, ironia e traz sempre dados informativos a respeito do assunto tratado. Ao longo do tempo algumas de suas características foram sendo alteradas ....
3- Porque o nome “Cordel”?
S A - Apesar de ter se expandido por toda Europa, o Cordel ganhou um toque especial ao chegar no Nordeste do Brasil. Ele já foi produzido em folhas soltas e depois passou para o formato de livrinhos. No entanto, esses eram muito pequenos e fininhos e, portanto difícil de serem agrupados em prateleiras ou em mesas, pois não teriam visibilidade para a venda. Por outro lado o local de comercialização eram as feiras, quermesses e praças daí nasce o melhor jeito de vender os livrinhos que seria pendurados em cordões ou barbantes, por isso foi denominado cordel, em Portugal. O Brasil herdou a tradição, mas aqui ele pode ser encontrado pendurado em invólucros plásticos costurados especialmente para os livrinhos.
4- Como o Cordel desenvolveu-se numa perspectiva histórica?
S A – Ele começa como relatos orais e depois passam a serem escritos, foi uma das primeiras formas de poesia. A partir do século XVI houve a necessidade de imprimir os relatos orais e a poesia passou para o papel, esses seriam os chamados romanceiros. Os cordéis contam desde os fatos históricos até as histórias imaginadas. Ao chegar ao Brasil eles passam a servir de noticiário para os que moravam mais distantes, sendo por muito tempo o jornal dos que não tinham acesso a notícia de outra forma.
5- Qual a relação que o Cordel possui junto à sociedade?
S A – O Cordel nasce com a participação direta do povo, ele não discrimina raças ou classes sociais, era lido e feito por todos que admiravam a poesia. No Brasil, além de ser o principal meio de informação numa época em que não se tinha ainda o rádio e a televisão, ele também deu luz aos olhos dos que não conheciam as Letras, ou seja, foi através do livro de cordel que muitos aprenderam a ler, empolgados pela beleza das histórias, pela curiosidade de saber o final delas e até mesmo pela admiração de ver aqueles que contavam as histórias através do cordel. Assim, ele reunia grupos de pessoas nas comunidades, era um elo entre os vizinhos e familiares e proporcionava momentos agradáveis e bem humorados, mesmo aqueles que não tinham acesso aos artefatos citadinos. Dessa forma, o cordel se faz um grande aliado na escola para despertar o interesse pela leitura.
6- Qual é a função da Literatura Popular? Para quê servem a Poesia e a Literatura Popular?
S A – Não devemos esquecer que poesia é literatura. Não só a popular, mas qualquer poesia faz bem a alma, ao coração e ao corpo. Ela é, sem dúvida, um alimento precioso e eficaz na vida das pessoas. Ela também tem a missão de dar, ao leitor, uma visão ampliada do mundo e contribui para desenvolver a criticidade no indivíduo.
7- A Literatura Popular torna muito acessível o público leitor de classe baixa, como você analisa esse comportamento?
Na realidade ela nasceu sem classe social. Em tempos anteriores encontram-se poetas como Gil Vicente, Camões, Gregório de Matos, Bocage, que foram repentistas e adeptos dos versos de sete sílabas, assim como poetas de classes ditas inferiores. Como ela tem a característica de ver e contar o cotidiano, o presente, e não tem compromisso com o eruditismo, além disso tem um poder de encantamento extraordinário, encanta a qualquer classe. Tendo chegado no Brasil pela tradição luso-iberica foi se espalhando pelo interior do país e aos foi encantando o sertanejo, e hoje é feita em todo Brasil, tanto pelos poetas letrados quanto por aqueles que não participaram da vida acadêmica, um grande exemplo disso é Patativa do Assaré.
8- A literatura Popular não só colabora para a construção do conhecimento do indivíduo, como também, para despertar o lado crítico das pessoas, de que forma isto vem sendo trabalhado na nossa sociedade?
S A - Apesar de ainda sofrer preconceitos por muitos que não a conhecem bem, já é mais do que provado que ela, através do seu poder de encantamento, de persuasão, por sua variada temática e seu jeito simples de expressão pode chegar a qualquer pessoa e, sem dúvida, pode contribuir para a alteridade. Ela fala de fatos com criticidade e bom humor, possui uma carga de ironia que incita a cogniscidade e traz uma carga de informações e de conhecimento de mundo de forma direta e agradável. Ela encanta a criança e o adulto, por isso está hoje presente nas escolas.
9- A partir de algumas observações conseguimos perceber, que ultimamente a mídia vem dando ênfase a este tipo de Literatura, o que você pensa sobre a forma com que a mídia apresenta o cordel?
S A – A mídia é formada por veículos de comunicação muito poderosos e também deve ser vista com cautela. Sempre que algo aparece na mídia deve ser observado por vários ângulos, porque cada um que a representa é orientado por interesses próprios e o público fica a mercê desses propósitos, muitas vezes, vinculados à exploração da imagem de pessoas ou de empresas, cujos interesses quase sempre estão associados a lógica contraditória e desigual do desenvolvimento capitalista. Além disso, apesar de haver já certo reconhecimento da literatura popular, ainda se percebe no discurso midiático, mesmo que de forma velada, um certo preconceito com essa forma literária.
10- Sabemos que “você” é uma cordelista consagrada no meio acadêmico, como você se sente com esta valorização pessoal?
S A – Não me considero consagrada, ao certo sei que sou uma admiradora da poesia, particularmente aquela de vertentente popular e por isso, às vezes, me atrevo a fazer alguns versos. Só sei que a tenho como ela me tem em horas de êxtase anímico e me entrego, seja ao ler ou ao fazer a poesia.
11- Porque o encanto pelo cordel?
S A – Antes de tudo sou paraibana e uma nordestina não foge às suas raízes. Cresci ouvindo e lendo esse tipo de literatura, sonhei e fantasiei muitas vezes essas histórias e ainda menina fiz muitos poemas que pensava não ter valor algum. Cresci no interior, vivi em espaço rural, presenciei o homem no eito da lavoura e vi muitas histórias reais que preferia que fossem imaginadas. Tenho a alma ligada ao canto da poesia, essa é minha única certeza.
12- A entonação como é lido o Cordel e o ritmo da fala ajudam nesse encanto pela Literatura Cordelista?
S A – O ritmo, as rimas, os temas e a forma como trata os assuntos formam um conjunto que dá vida a literatura e provoca a atenção do leitor ou do ouvinte.
13- A partir de que momento em sua vida, surgiu a necessidade de passar a diante a grandiosidade dessa literatura?
S A – Não sei dizer quando. A literatura sempre esteve presente na minha vida e eu não sabia direito como fazer para conhecê-la melhor, até que alguém me indicou o curso de Letras e lá eu descobri que eu não a queria só pra mim, que eu precisava dizer para as pessoas o que é realmente a literatura e qual a importância dela para vida e acabei chagando aqui.
14- Quais foram os autores que mais te influenciaram? Cite alguns poetas e/ou escritores pelos quais você tem admiração.
S A – Citar é quase impossível, pois são muitos, mas só para não deixar em branco posso dizer que tive contato com a poesia de Zé da Luz e Leandro Gomes de Barros ainda menina e já os admirei. Lembro também que na minha infância alguém leu para mim e depois eu mesmo li o folheto intitulado “As aventuras do herói João de Calais”, essa história me marcou e passei a vida procurando por ele até que me deparei com ele reescrito, em 2002. Por outro lado tive um encontro muito cedo com Vinícius de Moraes, Drummond e com Luiz Gonzaga. Posso citar grandes poetas como Patativa do Assaré, Jessier Quirino, Manuel Monteiro, Zé Limeira, Quintana, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, entre outros e na prosa admiro tanta gente que não dá nem pra citar, mas posso colocar alguns especiais como Machado, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, entre outros estrangeiros que admiro bastante.
15- Patativa do Assaré é um poeta popular de um talento admirável, como você analisa o fato de não ser uma pessoa estudada para se apoderar de todos os recursos necessários para a produção literária? Nascemos poetas ou nos tornamos poetas?
O próprio Patativa responde quando diz que pra ser doutor se vai para Universidade, mas o poeta nasce feito. Acredito que temos uma predisposição e a vida, a experiência e a academia ajudam a lapidar isso. O poeta canta sem precisar de papel, a poesia nasceu oral e não escrita, então o talento poético cada um já o possui e vai aperfeiçoando. Se colocarmos nas mãos de um universitário um livro como Os lusíadas, de Camões, muitos não sabem por onde começar, ou talvez não consigam perceber a riqueza literária que tem a obra, no entanto, Patativa leu e criticou a literatura camoniana. Ele era admirador de Castro Alves por terem afinidades idealistas e leu e criticou vários outros poetas. Isso mostra que o interesse, a capacidade, e em se tratando da realidade atual, a não preguiça de pensar, é que fazem a diferença na hora da leitura.
16- Quem é a pessoa Socorro Almeida?
S A – Uma pessoa que tem paixão pelo que faz, que ama a literatura, que tem a sensibilidade a flor da pele e que é muito ranzinza às vezes. Sou uma pessoa ligada à família, gosto de privacidade, de solidão, sou bastante tímida e gosto de boa música.
17- Deixe uma mensagem a nós adolescentes, sobre a importância de mostrar e preservar a nossa cultura popular.
Quando pensamos em nós, no mundo, na natureza em geral, já estamos naturalmente, pensando a poesia. Ela é o resultado do sentimento, da percepção de mundo, do conhecimento e da capacidade de externalizar tudo isso. Portanto, cada vez que olhar para alguém, independente de quem seja e de onde esteja, se imagine no lugar desse alguém e com certeza você vai agir com muito mais inteligência, maturidade e terá mais chances de que suas ações estarão certas. A poesia está solta, ela pulula em toda parte, são os nossos olhos que devem captá-la.
1- O que seria “Literatura de Cordel”?
S A – É um tipo de poesia popular que traz sempre uma narrativa cantada em versos de sete sílabas. Inicialmente era impressa em folhas soltas, depois passou a ser produzida em pequenos livros chamados também de folhetos, esses confeccionados a partir de papel jornal para baratear o custo, tendo, em geral, de 8 a 36 páginas, impressas no formato 11x16cm, na maioria das vezes, são comercializadas pelos próprios autores, contudo, já se encontra, essa forma literária, em livros e nos sites da internet. Porém sua característica predominante de difusão ainda é em folheto.
2- Qual a proposta do Cordel?
S A – A proposta inicial, era a informação e o entretenimento através de estórias, tanto baseadas em fatos reais quanto imaginárias. Uma das características desse tipo de produção é a manifestação da opinião do autor a respeito de algo sobre a sociedade em que vive. Tem uma temática infinda, versa com graça, ironia e traz sempre dados informativos a respeito do assunto tratado. Ao longo do tempo algumas de suas características foram sendo alteradas ....
3- Porque o nome “Cordel”?
S A - Apesar de ter se expandido por toda Europa, o Cordel ganhou um toque especial ao chegar no Nordeste do Brasil. Ele já foi produzido em folhas soltas e depois passou para o formato de livrinhos. No entanto, esses eram muito pequenos e fininhos e, portanto difícil de serem agrupados em prateleiras ou em mesas, pois não teriam visibilidade para a venda. Por outro lado o local de comercialização eram as feiras, quermesses e praças daí nasce o melhor jeito de vender os livrinhos que seria pendurados em cordões ou barbantes, por isso foi denominado cordel, em Portugal. O Brasil herdou a tradição, mas aqui ele pode ser encontrado pendurado em invólucros plásticos costurados especialmente para os livrinhos.
4- Como o Cordel desenvolveu-se numa perspectiva histórica?
S A – Ele começa como relatos orais e depois passam a serem escritos, foi uma das primeiras formas de poesia. A partir do século XVI houve a necessidade de imprimir os relatos orais e a poesia passou para o papel, esses seriam os chamados romanceiros. Os cordéis contam desde os fatos históricos até as histórias imaginadas. Ao chegar ao Brasil eles passam a servir de noticiário para os que moravam mais distantes, sendo por muito tempo o jornal dos que não tinham acesso a notícia de outra forma.
5- Qual a relação que o Cordel possui junto à sociedade?
S A – O Cordel nasce com a participação direta do povo, ele não discrimina raças ou classes sociais, era lido e feito por todos que admiravam a poesia. No Brasil, além de ser o principal meio de informação numa época em que não se tinha ainda o rádio e a televisão, ele também deu luz aos olhos dos que não conheciam as Letras, ou seja, foi através do livro de cordel que muitos aprenderam a ler, empolgados pela beleza das histórias, pela curiosidade de saber o final delas e até mesmo pela admiração de ver aqueles que contavam as histórias através do cordel. Assim, ele reunia grupos de pessoas nas comunidades, era um elo entre os vizinhos e familiares e proporcionava momentos agradáveis e bem humorados, mesmo aqueles que não tinham acesso aos artefatos citadinos. Dessa forma, o cordel se faz um grande aliado na escola para despertar o interesse pela leitura.
6- Qual é a função da Literatura Popular? Para quê servem a Poesia e a Literatura Popular?
S A – Não devemos esquecer que poesia é literatura. Não só a popular, mas qualquer poesia faz bem a alma, ao coração e ao corpo. Ela é, sem dúvida, um alimento precioso e eficaz na vida das pessoas. Ela também tem a missão de dar, ao leitor, uma visão ampliada do mundo e contribui para desenvolver a criticidade no indivíduo.
7- A Literatura Popular torna muito acessível o público leitor de classe baixa, como você analisa esse comportamento?
Na realidade ela nasceu sem classe social. Em tempos anteriores encontram-se poetas como Gil Vicente, Camões, Gregório de Matos, Bocage, que foram repentistas e adeptos dos versos de sete sílabas, assim como poetas de classes ditas inferiores. Como ela tem a característica de ver e contar o cotidiano, o presente, e não tem compromisso com o eruditismo, além disso tem um poder de encantamento extraordinário, encanta a qualquer classe. Tendo chegado no Brasil pela tradição luso-iberica foi se espalhando pelo interior do país e aos foi encantando o sertanejo, e hoje é feita em todo Brasil, tanto pelos poetas letrados quanto por aqueles que não participaram da vida acadêmica, um grande exemplo disso é Patativa do Assaré.
8- A literatura Popular não só colabora para a construção do conhecimento do indivíduo, como também, para despertar o lado crítico das pessoas, de que forma isto vem sendo trabalhado na nossa sociedade?
S A - Apesar de ainda sofrer preconceitos por muitos que não a conhecem bem, já é mais do que provado que ela, através do seu poder de encantamento, de persuasão, por sua variada temática e seu jeito simples de expressão pode chegar a qualquer pessoa e, sem dúvida, pode contribuir para a alteridade. Ela fala de fatos com criticidade e bom humor, possui uma carga de ironia que incita a cogniscidade e traz uma carga de informações e de conhecimento de mundo de forma direta e agradável. Ela encanta a criança e o adulto, por isso está hoje presente nas escolas.
9- A partir de algumas observações conseguimos perceber, que ultimamente a mídia vem dando ênfase a este tipo de Literatura, o que você pensa sobre a forma com que a mídia apresenta o cordel?
S A – A mídia é formada por veículos de comunicação muito poderosos e também deve ser vista com cautela. Sempre que algo aparece na mídia deve ser observado por vários ângulos, porque cada um que a representa é orientado por interesses próprios e o público fica a mercê desses propósitos, muitas vezes, vinculados à exploração da imagem de pessoas ou de empresas, cujos interesses quase sempre estão associados a lógica contraditória e desigual do desenvolvimento capitalista. Além disso, apesar de haver já certo reconhecimento da literatura popular, ainda se percebe no discurso midiático, mesmo que de forma velada, um certo preconceito com essa forma literária.
10- Sabemos que “você” é uma cordelista consagrada no meio acadêmico, como você se sente com esta valorização pessoal?
S A – Não me considero consagrada, ao certo sei que sou uma admiradora da poesia, particularmente aquela de vertentente popular e por isso, às vezes, me atrevo a fazer alguns versos. Só sei que a tenho como ela me tem em horas de êxtase anímico e me entrego, seja ao ler ou ao fazer a poesia.
11- Porque o encanto pelo cordel?
S A – Antes de tudo sou paraibana e uma nordestina não foge às suas raízes. Cresci ouvindo e lendo esse tipo de literatura, sonhei e fantasiei muitas vezes essas histórias e ainda menina fiz muitos poemas que pensava não ter valor algum. Cresci no interior, vivi em espaço rural, presenciei o homem no eito da lavoura e vi muitas histórias reais que preferia que fossem imaginadas. Tenho a alma ligada ao canto da poesia, essa é minha única certeza.
12- A entonação como é lido o Cordel e o ritmo da fala ajudam nesse encanto pela Literatura Cordelista?
S A – O ritmo, as rimas, os temas e a forma como trata os assuntos formam um conjunto que dá vida a literatura e provoca a atenção do leitor ou do ouvinte.
13- A partir de que momento em sua vida, surgiu a necessidade de passar a diante a grandiosidade dessa literatura?
S A – Não sei dizer quando. A literatura sempre esteve presente na minha vida e eu não sabia direito como fazer para conhecê-la melhor, até que alguém me indicou o curso de Letras e lá eu descobri que eu não a queria só pra mim, que eu precisava dizer para as pessoas o que é realmente a literatura e qual a importância dela para vida e acabei chagando aqui.
14- Quais foram os autores que mais te influenciaram? Cite alguns poetas e/ou escritores pelos quais você tem admiração.
S A – Citar é quase impossível, pois são muitos, mas só para não deixar em branco posso dizer que tive contato com a poesia de Zé da Luz e Leandro Gomes de Barros ainda menina e já os admirei. Lembro também que na minha infância alguém leu para mim e depois eu mesmo li o folheto intitulado “As aventuras do herói João de Calais”, essa história me marcou e passei a vida procurando por ele até que me deparei com ele reescrito, em 2002. Por outro lado tive um encontro muito cedo com Vinícius de Moraes, Drummond e com Luiz Gonzaga. Posso citar grandes poetas como Patativa do Assaré, Jessier Quirino, Manuel Monteiro, Zé Limeira, Quintana, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, entre outros e na prosa admiro tanta gente que não dá nem pra citar, mas posso colocar alguns especiais como Machado, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, entre outros estrangeiros que admiro bastante.
15- Patativa do Assaré é um poeta popular de um talento admirável, como você analisa o fato de não ser uma pessoa estudada para se apoderar de todos os recursos necessários para a produção literária? Nascemos poetas ou nos tornamos poetas?
O próprio Patativa responde quando diz que pra ser doutor se vai para Universidade, mas o poeta nasce feito. Acredito que temos uma predisposição e a vida, a experiência e a academia ajudam a lapidar isso. O poeta canta sem precisar de papel, a poesia nasceu oral e não escrita, então o talento poético cada um já o possui e vai aperfeiçoando. Se colocarmos nas mãos de um universitário um livro como Os lusíadas, de Camões, muitos não sabem por onde começar, ou talvez não consigam perceber a riqueza literária que tem a obra, no entanto, Patativa leu e criticou a literatura camoniana. Ele era admirador de Castro Alves por terem afinidades idealistas e leu e criticou vários outros poetas. Isso mostra que o interesse, a capacidade, e em se tratando da realidade atual, a não preguiça de pensar, é que fazem a diferença na hora da leitura.
16- Quem é a pessoa Socorro Almeida?
S A – Uma pessoa que tem paixão pelo que faz, que ama a literatura, que tem a sensibilidade a flor da pele e que é muito ranzinza às vezes. Sou uma pessoa ligada à família, gosto de privacidade, de solidão, sou bastante tímida e gosto de boa música.
17- Deixe uma mensagem a nós adolescentes, sobre a importância de mostrar e preservar a nossa cultura popular.
Quando pensamos em nós, no mundo, na natureza em geral, já estamos naturalmente, pensando a poesia. Ela é o resultado do sentimento, da percepção de mundo, do conhecimento e da capacidade de externalizar tudo isso. Portanto, cada vez que olhar para alguém, independente de quem seja e de onde esteja, se imagine no lugar desse alguém e com certeza você vai agir com muito mais inteligência, maturidade e terá mais chances de que suas ações estarão certas. A poesia está solta, ela pulula em toda parte, são os nossos olhos que devem captá-la.
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