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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Entrevista de Helder pinheiro à Revista da cultura

A seguir uma pequena parte da entrevista que o professor Helder Pinheiro (UFCG e UFPB) deu à Revista da Cultura, é uma provocação para que os enteressados a busquem na íntegra, pois vale a pena. Abraços!!!



A poesia infantil ainda é dependente da escola? Como os pais podem trazê-la para o cotidiano? Por que há tanta dificuldade nesse aspecto?


Acho difícil pedir alguma coisa aos pais que, em sua maioria, não leem poesia. Mas todos tiveram infância e poderiam buscar na memória os jogos, as brincadeiras poéticas, as estrofes que por ventura aprenderam e transmiti-las às crianças. Sobretudo nesta fase pré-escolar. Os pais que podem comprar livros poderiam ler mais com os filhos, brincar com a linguagem, encenar com as crianças, fazer jogos dramáticos com elas a partir de histórias e poemas. José Paulo Paes lembra que “Poesia/ é brincar com palavras/ como se brinca/ com bola, papagaio, pião”. Deixar-se contaminar pela poesia, não procurar interpretá-la, tirar lição de moral. Simplesmente ler, ler e brincar. E repito: ler sempre, não apenas uma vez ou outra. Quanto às dificuldades, elas nascem da pouca familiaridade de professores com a poesia e do desconhecimento de metodologias mais lúdicas, que favoreçam a interação das crianças com os poemas.

A forma como a escola apresenta a poesia à criança é pouco atrativa?


Há no mercado excelentes obras sugerindo modos de aproximar a criança da poesia de maneira mais sensível. O problema é que muitas vezes a escola associa a poesia aos conteúdos a serem aprendidos e não à vivência da oralidade, do ritmo. Há livros do segundo ano do fundamental preocupados em fazer a criança aprender o que é verso, o que é rima, etc. Ou seja, quer-se ensinar um conteúdo teórico sobre poesia, ao invés de possibilitar um maior tempo de convivência com ela. Sem falar no fato de que os livros didáticos continuam trazendo poemas para estudar ortografia e outras barbaridades. Muitas vezes as crianças têm nos primeiros cinco anos do fundamental uma vivência até rica com a poesia, mas a partir do sexto ano, começa a rarear. É preciso cultivá-la sempre, todos os anos, todas as fases e sempre com poemas que, de algum modo, atendam ou questionem o horizonte de expectativas do leitor. Mas há outras questões que interferem – não vamos sempre querer culpar a escola. Quantos programas de TV e rádio se voltam para a poesia de um modo atraente? Onde está a poesia nos espaços de nossas cidades? Como são nossas bibliotecas? Que livros de poemas são apresentados aos jovens? E já viram a pobreza do mercado editorial da poesia se comparado à narrativa em geral, à auto-ajuda?

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