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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mensagem de natal


Não interessa quem somos e de onde viemos
Estamos aqui para sermos o melhor que pudermos ser
e para fazer o nosso semelhante melhor, através de nós.
Neste natal, que a luz divina ilumine a cada um
Para que possamos resgatar de nós o que foi perdido e unir os fragmentos que cortaram nossa visão em relação a tudo que nos rodeia. Que neste natal queiramos para todos o que desejamos para nós mesmos e que realmente aprendamos a amar uns aos outros.
Feliz natal a todos!!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Conhecer a diferença para respeitá-la

Vamos homenageando o valoroso povo nordestino e sua riquíssima cultura!
Há diferenciação
Porque cada região
Tem seu jeito de falar
O Nordeste é excelente
Tem um jeito diferente
Que a outro não se iguala
Alguém chato é Abusado
Se quebrou, Tá Enguiçado
É assim que a gente fala
Uma ferida é Pereba
Homem alto é Galalau
Ou então é Varapau
Coisa inferior é Peba
Cisco no olho é Argueiro
O sovina é Pirangueiro
Enguiçar é Dar o Prego
Fofoca aqui é Fuxico
Desistir, Pedir Penico
Lugar longe é Caixa Prego
Ladainha é Lengalenga
E um estouro é Pipoco
Botão de rádio é Pitoco
E confusão é Arenga
Fantasma é Alma Penada
Uma conversa fiada
Por aqui é Leriado
Palavrão é Nome Feio
Agonia é Aperreio
E metido é Amostrado
O nosso palavreado
Não se pode ignorar
Pois ele é peculiar
É bonito, é Arretado
E é nosso dialeto
Sendo assim, está correto
Dizer que esperma é Gala
É feio pra muita gente
Mas não é incoerente
É assim que a gente fala
Você pode estranhar
Mas ele não tem defeito
Aqui bombom é Confeito
Rir de alguém é Mangar
Mexer em algo é Bulir
Paquerar é Se Enxerir
E correr é Dar Carreira
Qualquer coisa torta é Troncha
Marca de pancada é Roncha
E a caxumba é Papeira
Longe é o Fim do Mundo
E garganta aqui é Goela
Veja que a língua é bela
E nessa língua eu vou fundo
Tentar muito é Pelejar
Apertar é Acochar
Homem rico é Estribado
Se for muito parecido
Diz-se Cagado e Cuspido
E uma fofoca é Babado
Desconfiado é Cabreiro
Travessura é Presepada
Uma cuspida é Goipada
Frente da casa é Terreiro
Dar volta é Arrudiar
Confessar, Desembuchar
Quem trai alguém, Apunhala
Distraído é Aluado
Quem está mal, Tá Lascado
É assim que a gente fala
Aqui, valer é Vogar
E quem não paga é Xexeiro
Quem dá furo é Fuleiro
E parir é Descansar
Um rastro é Pisunhada
A buchuda é Amojada
O pão-duro é Amarrado
Verme no bucho é Lombriga
Com raiva Tá Com a Bixiga
E com medo é Acuado
Tocar de leve é Triscar
O último é Derradeiro
E para trocar dinheiro
Nós falamos Destrocar
Tudo que é bom é Massa
O Policial é Praça
Pessoa esperta é Danada
Vitamina dá Sustança
A barriga aqui é Pança
E porrada é Cipoada
Alguém sortudo é Cagado
Capotagem é Cangapé
O mendigo é Esmolé
Quem tem pressa é Avexado
Sandália é Alpercata
A correia, Arriata
Sem ter filho é Gala Rala
O cascudo é Cocorote
E o folgado é Folote
É assim que a gente fala
Perdeu a cor é Bufento
Se alguém dá liberdade
Pra entrar na intimidade
Dizemos Dar Cabimento
Varrer aqui é Barrer
Se a calcinha aparecer
Mostra a Polpa da Bunda
Mulher feia é Canhão
Neco é pra negação
Nas costas, é na Cacunda
Palhaçada é Marmota
Tá doido é Tá Variando
Mas a gente conversando
Fala assim e nem nota
Cabra chato é Cabuloso
Insistente é Pegajoso
Remédio aqui é Meisinha
Chateado é Emburrado
E quando tá Invocado
Dizemos Tá Com a Murrinha
Não concordo, é Pois Sim
Estou às ordens, Pois Não
Beco do lado é Oitão
A corrente é Trancilim
Ou Volta, sem o pingente
Uma surpresa é, Oxente!
Quem abre o olho Arregala
Vou Chegando, é pra sair
Torcer o pé, Desmintir
É assim que a gente fala
A cachaça é Meropéia
Tá triste é Acabrunhado
O bobo é Apombalhado
Sem qualidade é Borréia
A árvore é Pé de Pau
Caprichar é Dar o Grau
Mercado é Venda ou Bodega
Quem olha tá Espiando
Ou então, Tá Curiando
E quem namora Chumbrega
Coceira na pele é Xanha
E molho de carne é Graxa
Uma pelada é um Racha
Onde se perde ou se ganha
Defecar se chama Obrar
Ou simplesmente Cagar
Sem juízo é Abilolado
Ou tem o Miolo Mole
Sanfona também é Fole
E com raiva é Infezado
Estilingue é Balieira
Prostituta se diz Quenga
Cabra medroso é Molenga
O baba-ovo é Chaleira
Opinar é Dar Pitaco
Axila é Suvaco
Se o cabra for mau, é Mala
Atrás da nuca é Cangote
Adolescente é Frangote
É assim que a gente fala
Lugar longe aqui é Brenha
Conversa besta, Arisia
Venha, ande, é Avia
Fofoca é também Resenha
O dado aqui é Bozó
Um grande amor é Xodó
Demorar muito é Custar
De pernas tortas é Zambeta
Morre, Bate a Caçuleta
Ficar cheirando é Fungar
A clavícula aqui é Pá
Um mal-estar é Gastura
Um vento bom é Frescura
Ali, se diz, Acolá
Um sujeito inteligente
Muito feio ou valente
É o Cão Chupando Manga
Um companheiro é Pareia
Depende é Aí Vareia
Tic nervoso é Munganga
Colar prova é Filar
Brigar é Sair no Braço
Lombo se diz Espinhaço
Matar aula é Gazear
Quem fala alto ou grita
Pra gente aqui é Gasguita
Quem faz pacote, Embala
Enrugado é Ingilhado
Com dor no corpo, Engembrado
É assim que a gente fala
O afago é Alisado
Um monte de gente é Ruma
Quer saber como, diz Cuma
E bicho gordo é Cevado
A calça curta é Coronha
Sujeito leso é pamonha
Manha aqui é Pantim
Coisa velha é Cacareco
O copo aqui é Caneco
E coisa pouca é Tiquim
Mulher desqualificada
Chamamos de Lambisgóia
Tudo que sobra é de Bóia
E muita gente é Cambada
O nariz aqui é Venta
A polenta é Quarenta
Mandar correr é Acunha
Azar se chama Quizila
A bola de gude é Bila
Sofrer de amor, Roer Unha
Aprendi desde pivete
Que homem franzino é Xôxo
O cara medroso é Frouxo
E comprimido é Cachete
Olho sujo tem Remela
Quem não tem dente é Banguela
Quem fala muito e não cala
Aqui se chama Matraca
Cheiro de suor, Inhaca
É assim que a gente fala
Pra dizer ponto final
A gente só diz: E Priu
Pra chamar é Dando Siu
Sem falar, Fica de Mal
Separar é Apartá
Desviar é Ataiá
E pra desmentir é Nego
Se estiver desnorteado
Aqui se diz Ariado
E complicado é Nó Cego
Coisa fácil é Fichinha
Dose de cana é Lapada
Empurrar é Dar Peitada
E o banheiro é Casinha
Tudo pequeno é Cotoco
Vigi! Quer dizer, por pouco
Desde o tempo da senzala
Nessa terra nordestina
Seu menino, essa menina,
É assim que a gente fala."

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Um poema de Manuel de Barros


RETRATO DE ARTISTA ENQUANTO COISA
Manuel de Barros

 
A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.
Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio,  que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva, etc
Perdoai.
Mas eu preciso ser outros.
Eu preciso renovar o homem usando borboletas

 

sábado, 13 de outubro de 2012

SER PROFESSOR

Parabéns a todos os professores do Brasil!!

SER PROFESSOR
(Socorro Almeida – 09/2009)
Ser professor é ver o outro e no outro e respeitar as diferenças.
Ser professor é plantar uma semente.
E regá-la incessantemente todos os dias.
Ser professor é renunciar ao orgulho e a prepotência
E saber que é sempre um aprendiz;
É ter sempre em si, algo para dar
...
Mesmo quando sente que está esgotado.
Ser professor não é ensinar, mas conduzir;
É não prender, mas tentar segurar numa possível queda.
Ser professor é ser, antes de tudo, ouvinte;
É olhar para todos os lados, e não de cima para baixo;
É buscar uma saída por mais sério e difícil que seja o problema.
Ser professor é doar-se sem que o outro nem perceba;
É doar a voz mesmo aos que não querem ouvir;
É fazer pensar mesmo aqueles que nunca pararam pra pensar que são seres pensantes.
Ser professor é dar condição de vida;
É bronquear quando necessário e afagar quando merecido.
Ser professor não é saber, mas procurar aprender.
Ser professor é dizer a verdade mesmo que ela doa de vez em quando.
Ser professor é discordar se for para encaminhar para o bem,
Pois o filho também ama os pais que dizem não.
O aluno não quer um amigo professor, ele precisa de um professor amigo.
Ser professor é ser pai, mãe, psicólogo, amigo e, acima de tudo, “professor”.
Ser professor é instigante.
Ser professor é importante.
Ser professor é ser feliz e dar o mundo.
Ser professor é ser mais, é ir além.
Ser professor é ...
PARABÉNS CAMPINA!

Campina Grande é um município brasileiro situado no estado da Paraíba.
É considerada um dos principais polos industriais da Região Nordeste e o maior pólo tecnológico da América Latina, segundo a revista norte americana N...
ewsweek. Campina Grande foi fundada em 1º de dezembro de 1697, tendo sido elevada à categoria de cidade em 11 de outubro de 1864.
Primeiramente o município foi lugar de repouso para tropeiros, em seguida se formou uma feira de gado e uma grande feira geral (grande destaque no Nordeste). Posteriormente, o município deu um grande salto de desenvolvimento devido às atividades tropeiras e ao crescimento da cultura do algodão, quando Campina Grande chegou a ser a segunda maior produtora de algodão do mundo. Atualmente, o município tem grande destaque no setor de informática e desenvolvimento de softwares.
Campina Grande foi indicada pelo jornal a Gazeta Mercantil, como a cidade mais dinâmica do nordeste e 6ª cidade mais dinâmica do Brasil. A cidade tem o segundo maior PIB entre os municípios paraíbanos, representando 13,63% do total das riquezas produzidas na Paraíba. Uma evidência do desenvolvimento da cidade nos últimos tempos é o ranking da revista Você S/A, no qual Campina Grande aparece como uma das 10 melhores cidades para se trabalhar e fazer carreira do Brasil, única cidade do interior entre as capitais escolhidas no país.
Campina Grande também é conhecida como cidade universitária, pois conta com 16 universidades, três delas públicas, sendo assim proporcionalmente é a cidade com mais universidades no Brasil. É comum estudantes do Nordeste e de todo o Brasil virem morar no município para estudar nas universidades locais. Além de ensino superior, o município oferece capacitação para o nível médio e técnico.

Porque 12 de Outubro?

Porque 12 de outubro?

Dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e considerado também como dia da criança, quando se costuma presenteá-las, costume esse que começou por intermédio da indústria Johnson & Johnson que, aproveitando o decreto do então presidente Arthur Bernardes em 1924 em homenagem à criança, lança em 1960 a campanha bebê robusto e, junto com a fábrica d...
e brinquedos Estrela, faz a semana da criança, considerando a data que já existia, incitando a partir de então a venda de brinquedos para o dia das crianças.
Neste dia é importante refletirmos sobre o que estamos fazendo com nossas crianças, se estamos dando a elas o direito de ser criança. Quando falo em direito não me refiro à permissividade, mas ao zelo, ao respeito, ao cuidado, a saúde, ao direito de brincar e de viver o seu universo, com todos os sonhos que lhes sejam o limite. As pessoas confundem a permissividade com o esses direitos e acham que não devem dizer não e se rendem as práticas infantis.
Muitos pais que trabalham e passam muito tempo longe dos filhos criam uma espécie de negociação para poder ter a obediência deles e acabam virando reféns dessas situações, porque os filhos não deixam de fazer certas coisas porque têm consciência de que são erradas, mas porque lhes foi prometido algo em troca. Essas crianças não estão preparadas para enfrentar o mundo, muito menos os obstáculos que encontrarão pela frente, porque acham que tudo se resolve no jeitinho paterno ou materno e aí vem a violência escolar; o desrespeito aos professores; a não obediência aos familiares como tios e avós e a ignorância em relação aos mais velhos.
Hoje em dia, alguns pais deixam a educação dos filhos a critério da escola quando os valores morais e éticos devem ser passados de pais para filhos, são as heranças morais que hoje se encontram deturpadas. A criança segue o exemplo, portanto se os pais não se respeitam ou não respeitam as pessoas que cidadãos estão formando? A criança precisa ser espeitada, amada e cuidada, mas ela precisa ter também os seus deveres enquanto criança... Beijão a todas as crianças do Brasil, que elas tenham discernimento para distinguir o certo e o errado e a hombridade para serem justas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Desabafo político

Só para desabafar – Socorro Almeida

Até quando o povo vai ser submetido à sujeira e a poluição sonora em época de eleição? Porque as pessoas resolveram achar que dia de eleição é dia de festança e de bebedeira nas ruas mesmo antes de saber se seu candidato foi vencedor? Porque existe uma lei seca se as pessoas tiram o dia para encher a cara e brigar com quem aparecer pela frente? É engraçado que...
na lei seca é proibido vender a bebida a partir de 24 horas antes da eleição, mas nada impede que se compre a bebida antes e no dia se encha as calçadas de carros de som e muita bebida, com pessoas pulando carnaval, mostrando realmente a "importância" da ação do voto.
O que se vê é um desrespeito ao meio ambiente em todos os sentidos e que ninguém está preocupado com quem vai ganhar ou se o candidato que ganhar vai fazer um bom governo para todos. A preocupação é: já vendi ou troquei meu voto agora é só beber, beber, beber que hoje é domingo e ainda por cima, feriado.
Quando é que vamos passar a votar conscientemente? Sabemos que as opções são pouquíssimas, mas se não optarmos pelo menos pior a coisa vai degringolar de vez. Temos que ver a história passada e presente do candidato e observar suas propostas, juntamente com suas ações em sociedade. Está na hora de “Um Ensaio sobre a lucidez” para ver se saímos da alienação completa de ver pessoas nas ruas brigando por candidatos, negociando votos, jogando papeis e plásticos na natureza sem pensar na consequência de tudo isso. As ruas, depois da eleição são, na verdade, uma representação de toda sujeira que existe por trás da cortina de fumaça que é a politicagem no país. O país do carnaval faz também do dia cívico e da ação de cidadania, um tremendo carnaval, porque o povo faz gracinha para político rir de viver bem.

sábado, 8 de setembro de 2012

O AUGE DE UM HOMO ECONOMICUS?



O AUGE DE UM HOMO ECONOMICUS?

Por: Maria do Socorro pereira de Almeida em 07/09/2012

O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele?
Immanuel Kant.


Hoje, sete de setembro de 2012, gostaria de expressar minha indignação quanto a fala da presidente da República, ontem, em rede nacional. Temos no Brasil hoje uma realidade de uma saúde falida a ponto de, mesmo quem paga um plano a parte, já por não ter direito ao que lhe é de direito, morre a míngua nas portas dos hospitais ou espera um ou dois meses por uma consulta, dependendo da cidade em que resida.
Mas vamos para a educação! Atualmente somos obrigados a assistir a falência dos cursos de licenciatura em todo país, que vão minguando aos poucos como se fossem corroídos por um câncer, o câncer do desprezo e da indiferença pela educação. É engraçado pensar: porque será que ninguém quer ser professor no Brasil? Quando acabar esse acervo de professores que aí está como vamos formar crianças e adultos? Afinal, para qualquer área que se tenha pretensão de seguir deve existir um professor para formar e este, deve ter base que o leve a atuar em sala de aula, ou seja, deve ter cursado disciplinas que o qualifique como professor, porque bacharel não é professor, pelo menos, era assim que se pensava até bem pouco tempo.
Enquanto isso, temos que assistir em rede nacional a presidente falar da economia, da qual só os ricos sentem os sintomas, porque os pobres não sabem como isso acontece se ele continua endividado, ganhando pouco, contando moedas, catando latinha, catando lixo, sem teto, sem emprego, vivendo das esmolas do governo e assistindo o aumento dos preços das coisas cada vez que vai ao supermercado. Por outro lado a classe média foi abandonada de vez, ela está se afundando por ter que pagar os juros, os impostos, as taxas e outros encargos para sustentar as outras classes. Sobre esse contexto pedimos a palavra de Marilena Chauí em entrevista para o sindicato dos jornalistas de São Paulo em 27-08 2012 e publicada pela Cut:


Além disso, social e economicamente nossa sociedade está polarizada entre a carência absoluta das camadas populares e o privilégio absoluto das camadas dominantes e dirigentes, bloqueando a instituição e a consolidação da democracia. Um privilégio é, por definição, algo particular que não pode generalizar-se nem universalizar-se sem deixar de ser privilégio. Uma carência é uma falta também particular ou específica que se exprime numa demanda também particular ou específica, não conseguindo generalizar-se nem universalizar-se. Um direito, ao contrário de carências e privilégios, não é particular e específico, mas geral e universal, seja porque é o mesmo e válido para todos os indivíduos, grupos e classes sociais, seja porque embora diferenciado é reconhecido por todos (como é caso dos chamados direitos das minorias). Assim, a polarização econômico-social entre a carência e o privilégio ergue-se como obstáculo à instituição de direitos, definidora da democracia.



A " indústria cultural" por sua vez faz bem a parte dela, aliena cada vez mais e incita o consumo do produto e não do conhecimento, numa democracia inexistente, então chamamos mais uma vez Chauí para lidar com este assunto:


Democracia e autoritarismo social.
Estamos acostumados a aceitar a definição liberal da democracia como regime da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais. Visto que o pensamento e a prática liberais identificam a liberdade com a ausência de obstáculos à competição, essa definição da democracia significa, em primeiro lugar, que a liberdade se reduz à competição econômica da chamada "livre iniciativa" e à competição política entre partidos que disputam eleições; em segundo, que embora a democracia apareça justificada como "valor" ou como "bem", é encarada, de fato, pelo critério da eficácia, medida no plano do poder executivo pela atividade de uma elite de técnicos competentes aos quais cabe a direção do Estado. A democracia é, assim, reduzida a um regime político eficaz, baseado na ideia de cidadania organizada em partidos políticos, e se manifesta no processo eleitoral de escolha dos representantes, na rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas para os problemas econômicos e sociais.



Falando de educação, mas também de economia, para que falar em professor se temos hoje outro modelo de "educação" que está se alastrando aos poucos e ocupando o todo brasileiro que são os cursos à distância, gostaria de deixar claro que não tenho nada contra a educação à distância, desde que não seja para primeira graduação, isso porque o aluno da primeira graduação não tem ainda a maturidade necessária para caminhar sozinho por mais inteligente que seja. Não se trata de inteligência, mas de algo que Sócrates, na antiguidade grega, colocaria como sendo o autoconhecimento para poder conviver melhor em sociedade e praticar o bem. Porém o filósofo grego fazia isso através do diálogo, indo de encontro ao que a política da época queria e por isso foi condenado à morte.
Estamos falando de algo que Vygotsky chamaria de interação, necessária a todos os aprendentes em formação, portanto, desculpe-me os colegas que defendem essa modalidade, apenas expresso minha posição a respeito. Não podemos negar a importância da tecnologia de informação e temos que tirar dela tudo que ela tem pra dar, mas não podemos pensar que ela só pode favorecer os cofres.
O que quero questionar é: será que a relevância dos cursos à distância que está sendo pregada é porque interessa trazer o ensino até o aprendente ou será para diminuir custos por não ter um professor na sala de aula, afinal durante todo discurso da presidente não se ouviu uma palavra sobre a educação que mostrasse interesse de melhoria para o povo, apenas sobre economia, criação de dinheiro e manipulação de dinheiro. Dessa forma, somos obrigados a pensar que estamos em um governo que trabalha em prol, exclusivamente, do que poderíamos chamar, no capitalismo, de sociedade de consumo.
Como alguém vai querer ser professor no Brasil, assistindo a rotina de um professor de escola particular que ganha um salário mínimo para se matar de trabalhar em inúmeras salas com, no mínimo 50 alunos? Essa é a realidade traumática de filhos de professoras da rede particular e pública de ensino que jamais irão optar pela profissão de professor. Mas é esse contexto que o Governo favorece quando oferece 50% de cota para os alunos de escolas públicas, pois é melhor oferecer a vaga do que consertar as escolas sucateadas, salários aviltantes, com números de professores reduzidos em um espaço de caos.
O professor estuda o tempo todo, graduação, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado etc. para chegar aí é preciso muito tempo, muita dedicação, muitas noites de sono, muita encrenca com a família, muitas lágrimas dos filhos pela ausência que acaba por trazer um benefício que vem acompanhado de stress, problemas cardíacos, neurológicos, psicológicos entre outros. Esse profissional tem um piso salarial vergonhoso, porque quando se aposenta não tem direito as gratificações e toda sua experiência é ignorada quando se coloca um professor do outro lado do computador para introduzir conteúdo para alunos que apenas recebe o conteúdo numa "educação bancária" que foi tão criticada
por Freire. Por outro lado, esse profissional que tenta se qualificar a vida toda para poder merecer estar numa sala de aula é refutado pela mídia que passa a "injetar", literalmente, na cabeça das pessoas, os cursos técnicos com maiores salários, portanto, o curso técnico, imediatista, com muita informação e pouco conhecimento, é o melhor para todos. Dessa forma, que jovem brasileiro vai se ocupar em entrar numa universidade para ser professor? Mais uma vez não queremos aqui tirar o valor do curso técnico, ele é necessário e importante, mas não pode ter um valor econômico maior do que quem passou anos se dedicando a outros cursos.
Os cursos de tecnologia têm prioridade nas faculdades particulares e também nas públicas, até a concorrência das bolsas de pesquisa é injusta, a exemplo do último concurso jovens talentos realizado pelas universidades Federais de todo país. Abre-se "democraticamente" para todos, quando no contexto de uma prova, grande parte das questões vem de campos de conhecimentos das chamadas ciências exatas, tirando do páreo os estudantes das humanas e tirando também o entusiasmo deles para tais áreas.
Vemos que o governo aposta em uma educação imediatista de grande quantidade e pouco conhecimento. A cobrança por produção de textos científicos faz com que sejam jogados em anais, livros, e alguns periódicos, milhares de artigos sem a devida qualidade para uma publicação, porque se trabalha com a quantidade e não com a qualidade. Estamos vendo um imediatismo na educação do mesmo modo que vemos o imediatismo do lado social em que há distribuição de "esmolas" e nenhuma ação estruturante e duradoura para as classes menos favorecidas.
O professor passou a ser mão-de-obra "escrava" em todos os sentidos e ainda é obrigado a ver e ouvir a mídia colocar fatos e situações mascaradas e enfeitadas para passar a impressão de um país prospero e socialmente justo quando, na realidade, temos uma educação fragmentada, sucateada e manipulada por interesses privados e sustentados ideologicamente pelo poder público e pela mídia. Sobre o poder dos meios de comunicação é interessante ver o que diz Chauí:


Os meios de comunicação como exercício de poder
Podemos focalizar o exercício do poder pelos meios de comunicação de massa sob dois aspectos principais: o econômico e o ideológico.
Do ponto de vista econômico, os meios de comunicação fazem parte da indústria cultural. Indústria porque são empresas privadas operando no mercado e que, hoje, sob a ação da chamada globalização, passa por profundas mudanças estruturais, "num processo nunca visto de fusões e aquisições, companhias globais ganharam posições de domínio na mídia.", como diz o jornalista Caio Túlio Costa. Além da forte concentração (os oligopólios beiram o monopólio), também é significativa a presença, no setor das comunicações, de empresas que não tinham vínculos com ele nem tradição nessa área. O porte dos investimentos e a perspectiva de lucros jamais vistos levaram grupos proprietários de bancos, indústria metalúrgica, indústria elétrica e eletrônica, fabricantes de armamentos e aviões de combate, indústria de telecomunicações a adquirir, mundo afora, jornais, revistas, serviços de telefonia, rádios e televisões, portais de internet, satélites, etc..
No caso do Brasil, o poderio econômico dos meios é inseparável da forma oligárquica do poder do Estado, produzindo um dos fenômenos mais contrários à democracia, qual seja, o que Alberto Dines chamou de "coronelismo eletrônico", isto é, a forma privatizada das concessões públicas de canais de rádio e televisão, concedidos a parlamentares e lobbies privados, de tal maneira que aqueles que deveriam fiscalizar as concessões públicas se tornam concessionários privados, apropriando-se de um bem público para manter privilégios, monopolizando a comunicação e a informação. Esse privilégio é
um poder político que se ergue contra dois direitos democráticos essenciais: a isonomia (a igualdade perante a lei) e a isegoria (o direito à palavra ou o igual direito de todos de expressar-se em público e ter suas opiniões publicamente discutidas e avaliadas). Numa palavra, a cidadania democrática exige que os cidadãos estejam informados para que possam opinar e intervir politicamente e isso lhes são roubado pelo poder econômico dos meios de comunicação.



As minhas palavras partem de um desabafo de alguém que ama o que faz, mas que vê tudo que acredita, que é a educação com direito a descoberta, a consciência do conhecimento, o empenho pelo saber e a partilha do aprendizado irem pelo ralo do esgoto construído com mentiras. Vemos que o país sempre teve e continua tendo governos para favorecerem ao capitalismo. A presidente falou que o desenvolvimento do Brasil está montado sob "três palavrinhas mágicas: estabilidade, crescimento e inclusão" – E aí pensamos ser a estabilidade da riqueza, crescimento do capitalismo e inclusão da alienação. Porque, de fato, a realidade é outra. A presidente disse ainda que o Brasil tem conseguido crescer e distribuir renda, mas acho que a renda, da qual ela fala deve ser as dezenas de bolsa esmola que agem como esparadrapo em cima de ferida aberta.
Ela falou de economia, competitividade, desenvolvimento etc. etc. etc. mas, ao pronunciar a palavra educação, o fez ligando-a à criação de indústrias e de tecnologias, como se o conhecimento só existisse em função disso. Uma verdade irrefutável é a de que ninguém dá o que não tem e parece que nossa presidente não deve ter nada a dizer sobre isso, porque a educação no Brasil está numa situação lamentável. Dilma chama a competitividade de conceito, então se vê que o conceito do Brasil, bem como de todos os brasileiros não é o estado de bem estar social, mas a competividade, isso, com certeza, tende a mostrar que para entrar no mercado de trabalho, se levar a sério a teoria darwiniana, vamos ter uma mortandade para sobreviver o mais forte, isso quer dizer que os pobres, a classe trabalhadora, os professores, entre outros, estão fadados a o desaparecimento?
Ela diz que competitividade é baixar custos e gerar emprego e renda, a renda para a indústria que cresce cada vez mais e o subemprego para o pobre, cada vez mais escravizado. Portanto foi dito tudo: indústria, indústria, indústria; produção, produção, produção; capital, capital, capital. Educação zero, saúde, natureza e maio ambiente? Será que é importante falar sobre isso? É engraçado que até a queda do preço de energia é para favorecer a indústria, engana-se o povo com 16% e quem pode realmente pagar pelo que gasta, que não é pouco, recebe o desconto de 28%. Nós economizamos porque não podemos pagar e quem realmente pode pagar tem o direito de gastar e ainda ser beneficiado por isso. E mais uma vez vem a palavra competitividade.
É nesse sentido que ela trabalha a educação, uma indústria. Aplica o FIES, barateia o custo para as faculdades particulares que não investem nas ciências humanas e deixa as universidades publicas sucateadas, especialmente nas áreas de humanas, porque os setores de exatas e de tecnologia nem parecem fazer parte das mesmas universidades. Sabemos também que todo investimento prometido em rodovias, ferrovias e aeroportos não é para brasileiro, pois se assim fosse, essa medida já teria sido efetivada há tempos, os olhos estão direcionados exclusivamente para a copa do mundo e para as olímpiadas, ou seja, para os estrangeiros que passarão pelo Brasil, é lavar a casa e arrumá-la para o visitante.
É lógico que toda moeda tem dois lados, temos aí alguns benefícios para o país, o que questionamos é que os benefícios não são pensados a partir das classes "inferiores" , pois dessas classes, se cala a boca com os "auxílios de vida" . O brasileiro de classe média, esse nem é cogitado, tudo é pensado a partir do capital e para benefício dele.
 
Obs. Favor não copiar sem a devida referência
 
 

domingo, 26 de agosto de 2012

Curiosidades para curiosos ahahah!!


 Primeiro romance do mundo foi escrito por uma mulher
Uma mulher foi a autora do primeiro romance literário de todos os tempos. Murasaki Shibiku, uma japonesa da classe nobre, escreveu no ano 1007 um livr...
o chamado "A história de Genji", contando a história de um príncipe em busca amor e sabedoria. A pessoa que escreveu o maior número de romances na história também é uma mulher. Barabara Cartland é autora de nada menos que 723 romances, que venderam mais de um bilhão de cópias em 36 idiomas, fazendo dela também a autora de romances mais vendida do mundo.
http://www.terra.com.br/curiosidades/

sábado, 25 de agosto de 2012

100 anos de Nelson Rodrigues

Centenário de Nelson Rodrigues (Recife PE 1912 - Rio de Janeiro RJ 1980). Um dos autores mais polêmicos da contemporaneidade, era aquele que quem não ama odeia. Escrevu várias obras que se tornaram sucesso na TV como Engraçadinha, Vestido de noiva, Bonitinha mas ordinária, A vida como ela é, entre outras. É um tradutor do cotidiano e conseguia colocar em forma de arte tudo que compõe o ser humano, tanto no que concerne ao social quanto ao psicológico e ao ego. Foi criticado por ter apoiado o regime militar e por isso teve sua obra tardiamente reconhecida. É um autor sem hipocrisias, ou seja, sua obra desmascara a alma humana e por isso é chocante e ao mesmo tempo instigante.  Sem dúvida, Nelson Rodrigues escreveu a nova história do teatro no Brasil, a partir dele essa arte começa a ver o mundo em outras direções. Nelson era dono de um estilo inovador, irreverente, polêmico, ofensivo e ao mesmo tempo encantador e contribuiu muito para a liberdade de expressão nas artes cênicas de um modo geral no Brasil.

 

domingo, 12 de agosto de 2012

O pós-estruturalismo - um ponto de vista

esse texto foi escrito em 2001, eu não tinha a maturidade de hoje, mas não quis mexer para não tirar a originalidade.


PONTO DE VISTA - A Liberdade do Pós-Estruturalismo
Por: Socorro Almeida. Escrito em 2001
A palavra liberdade, tão importante para os idealistas e de sentido tão amplo na atualidade, também tem seu momento de êxtase dentro da Literatura. Esse vocábulo ganha um novo sentido a partir do momento que há uma soltura na forma de expressão e de interpretação do texto. A Linguagem e a Literatura começam a ser vistas sem as amarras das estruturas. Com o Pós-Estruturalismo as palavras ganham, não só uma, mais um leque de possibilidades de significação de acordo com o contexto em que esteja inserida. Enquanto na teoria anterior via-se a produção literária através das estruturas com sua forma fechada, ignorando a multiplicidade de significações, Jackes Derrida traz, na teoria da desconstrução do Pós-Estruturalismo, a recriação a partir de cada signo, ou seja, a queda das estruturas vai dar vida a uma nova forma de produção e conseqüentemente de uma nova Crítica literária.
A significação agora não está presa a um significante, ela oscila intencionalmente ou não, o processo linguístico termina, mas a representação dele é infinita. Diante das possibilidades colocadas pelo Pós-Estruturalismo, o contexto é que vai dar significação e sentido as palavras e ao texto.
Essa crítica que nasce da subversão as regras vai abrir as portas para que o leitor adentre e construa, ele mesmo, o seu texto, a partir das lacunas deixadas pelo autor, ou seja, uma leitura analítica de uma obra não fecha as possibilidades, é apenas mais uma leitura, pois há sempre algo a ser descoberto. Cada palavra possui uma carga semântica de significação que chama por si só para uma interpretação. A Crítica quebra as construções linguísticas e dá ao signo autonomia sobre si mesmo, sendo esses significados infinitos, num movimento cíclico. A palavra transcende o seu próprio sentido e extrapola o significado, oscilando na rede do tecido textual, dando vida as várias interpretações.
O Pós-Estruturalismo, ao contrário do Estruturalismo, mostra uma linguagem sem limites, não estável e não fechada. Enquanto o Estruturalismo encerra o sentido do real, do pensamento e do sentimento no signo, o Pós-Estruturalismo mostra que a linguagem vai mais além, não é um jogo fechado, mas uma porta aberta para as múltiplas significações, pois não condiciona só ao material e ao semântico, mas também as ideologias. Enquanto as idéias Saussurianas fecham o signo entre o significante e o significado, a Crítica desconstrutiva vai separá-lo para libertá-lo e dar vasão a criatividade e a liberdade para interpretação desses significantes a partir do olhar de cada leitor.
Essa nova maneira de ver o texto vai ser aceita positivamente, pela liberdade de expressão e pela soltura das palavras e vai tornar-se uma das mais importantes dos tempos atuais, pelo fato de o texto não ser lido e sim reconstruído, reescrito cada vez que é analisado. O texto passa a ser dissecado por visões em diferentes ângulos. A Literatura vai abrir suas janelas para que cada leitor, de acordo com a sua visão e maturidade literária, observe, não através da fresta que o narrador lhe propõe, mas da janela que estiver ao seu alcance.
Pode-se dizer que o Pós-Estruturalismo é soltura das formas de expressões assim como das várias possibilidades de interpretações; é a desconstrução hierárquica da linguagem em prol de uma liberdade linguística, semântica, ideológica, social e política. O Pós-Estruturalismo traz toda complexidade da língua através das ambiguidades, antíteses, paradoxos que existem na escrita e escapam a qualquer sistema lógico, porque as palavras transcendem em si mesmas indo além do próprio sentido e enchendo o texto de possibilidades numa complexidade até hoje não explicada.

domingo, 29 de julho de 2012

Frases de Guimarães Rosa

25 de julho, dia do escirtor e Guimarães Rosa, sem dúvida, é um dos melhores do mundo!

Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?

É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado.

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia

Sussurro sem som onde a gente se lembra do que nunca soube

Deus nos dá pessoas e coisas,  para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria sozinhos... Essa... a alegria que ele quer.

O correr da vida embrulha tudo.


A vida é assim: esquenta e esfria,  aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.

Felicidade se acha é em horinhas de descuido.

O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando.

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.


O mundo é mágico.
As pessoas não morrem, ficam encantadas




sábado, 7 de julho de 2012

Artigo sobre o livro "Roteiro sentimental", de Ronaldo Cunha Lima

Hoje o Brasil perdeu um político e a Paraíba, especialmente Campina grande, perdeu um poeta e é sobre esse último que vou falar. o poeta Ronaldo Cunha Lima fez parte de minha adolescência, mesmo antes de saber o que era política eu admirava o poeta. Ainda não sabia o peso e a importância de um voto quando Ronaldo se candidatou para prefeito de Campina a primeira vez e eu ia a procura dos seus comícios só para vê-lo rimar, eu ficava encantada com a maneira que ele se dirigia ao povo, através da poesia. O tempo passou e, assim como ele também fui-me de Campina para outros horizontes e voltei em 2006 quando iniciei o Mestrado em Literatura e interculturalidade na UEPB. No "II Colóquio Cidadania Cultural: diversidade cultural, linguagens e identidade", resolvi escrever um artigo sobre o livro "Roteiro sentimental", de Ronaldo e coincidentemente encontrei com ele em um dos eventos da Universidade e disse que pretendia fazer um artigo sobre a obra dele. Ele agradeceu e me passou o e-mail para que eu lhe enviasse o trabalho. Vou colocar pra vocês  o conteúdo dos dois emails que trocamos em 2007 e em seguida o artigo feito sobre a obra de Ronaldo.

Poeta, acho que não lembra mais do nosso encontro no Colóquio de Gêneros e Sexualidade promovido pela UEPB. Encontramo-nos na porta do evento, quando peguei o seu e-mail. Quero dizer que o tratamento de poeta, não é esquecimento de vossa posição política, é que aqui não cabe o ilustre deputado, pois é uma conversa de poetas. Na verdade, lendo o seu Roteiro
Sentimental também voltei um pouco a infância e também lembrei da sua primeira campanha para prefeito de Campina, eu ainda adolescente, corria atrás dos comícios, não para ver o político, mas para ouvir o poeta.
Portanto a admiração vem de longe. Hoje depois das letras, estou cursando o mestrado em Literatura da UEPB. Sou professora de uma faculdade em Paulo Afonso BA-. Já tenho também alguns escritos que gostaria de lhe mostrar quando nos encontrarmos, pois espero que esteja no colóquio aonde irei apresentar o trabalho que estou lhe mandando em anexo. Uma observação do livro Roteiro Sentimental de sua autoria. Sei que talvez não tenha ficado a contento, mas o tempo é muito curto para se fazer um trabalho de pesquisa. Gostaria de receber uma resposta com a sua opinião sobre o trabalho.
Mandarei em breve dia e hora da apresentação do trabalho que será apresentado no II Colóquio Nacional de Cidadania Cultural, em outubro.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Aninversário de Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Um dos maiores escritores brasileiros, autor de grandes obras, entre elas Dom Casmurro, Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. Era de origem pobre e mestiço, tinha saúde frágil, era epilético e gago. Não c...ursou a escola normalmente, foi um auto didata. Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito.Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre.Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas. Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras em 1897, que hoje se chama Casa de Machado de Assis.


A uma senhora que me pediu versos

Pensa em ti mesma, acharás
Melhor poesia,
Viveza, graça, alegria,
Doçura e paz.

Se já dei flores um dia,
Quando rapaz,
As que ora dou têm assaz
Melancolia.

Uma só das horas tuas
Valem um mês
Das almas já ressequidas.

Os sóis e as luas
Creio bem que Deus os fez
Para outras vidas.

(Machado de Assis)


Mulheres são como maçãs em árvores.
As melhores estão no topo.
Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar.
Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão,
que não são boas como as do topo,
mas são fáceis de se conseguir.
Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas,
quando na verdade, eles estão errados...
Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar,
aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore."

(Machado de Assis)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O dicionário das empregadas domésticas


Por Urariano Motta*


Nos últimos dias, na gente mais educada causou espécie, para não dizer causou urticária, o livro didático “Por uma vida melhor”, que ensinaria a falar errado. No entanto, ninguém se levantou, nem perdeu a paz de espírito, quando um ilustre desembargador, faz alguns anos, achou por bem escrever um dicionário para as empregadas domésticas. É fato.

Atropelos e apelos de títulos não faltaram ao ilustre dicionarista. Erudito em Direito Civil, filiado à Associação Paulista dos Magistrados, escritor de verve, ele assim gracejou em artigo no jornal dos seus pares:

“Ele ligou para sua própria casa. A empregada era nova. Ele não a conhecia. Sua mulher, a Esther, digo (ou ele diz), dona Esther, tinha acabado de contratar. A moça era do norte. De Garanhuns. Nada contra, mas....sabe como é. Nós, brasileiros, sabemos! O patrão morava num sobrado. O telefone da residência ficava num nicho, embaixo da escada. No décimo segundo toque a Adamacena, a tal da empregada, atendeu: ‘Alonso!’ Na dúvida, o dono da casa perguntou: ‘De onde falam?’ Ao que a Adamacena respondeu: ‘Debaixo da escada!’ Foi aí que ele começou a catalogar as expressões da serviçal...”

Na continuação do texto, para melhor diálogo com as inferiores, o preclaro e excelso organizou este pequeno dicionário das empregadas, para ser lido pelas classes cultas, do gênero e classe dele no Brasil:

Denduforno - dentro do forno

Dôdistongo - dor de estômago

Doidimai - doido demais

Dôsitamu - dor de estômago

Gáscabô - o gás acabou

Iscodidente - escova de ente

Issokipómoiá - isto aqui pode molhar

Ládoncovim — lá de onde que eu vim

Lidialcom - litro de álcool

Lidileite - litro de leite

Mardufigo - mal do fígado

Mastumate - massa de tomate

Nossinhora - nossa senhora

Óikichero - olha que cheiro

Óiprocevê - olha pra você ver

Óiuchêro - olha o cheiro

Oncotô - onde que eu estou

Onquié - onde que é

Onquitá - onde está

Etc. etc. etc. poderia ser a leitura geral das “palavras” coligidas pelo senhor dicionarista. Se ele fosse um homem culto de facto, e não um culto de fato, fato da toga que um dia vestiu, saberia que as diversas falas de uma língua não significam uma superioridade cultural, civilizacional, de uma fala sobre a outra.Ora, as pessoas que vêm do interior do Nordeste, e é a elas que a sua brincadeira de mau gosto se referiu, os brutos migrantes dos sertões nordestinos carregavam, além da miséria, uma gramática que é uma história da língua. Quando eles dizem “figo”, em lugar de “fígado”, ou “hay”, em lugar de “há”, ou “in riba”, em lugar de “em cima”, ou mesmo “joga no mato”, por “deixa fora, joga fora”, essas palavras, esses modos e conteúdos de fala não nasceram de uma carne, sangue e lugar inferiores.

Esses cortes de sílabas, esse “denduforno” em lugar de “dentro do forno”, esse corte de fonemas na fala de todos os dias, essa aglutinação é um procedimento comum em todas as falas, do Norte ao Sul do mundo, do Leste ao Oeste do planeta, em todas as classes e gentes e tempos. Diz-se até que é uma obediência à lei do menor esforço. Quem é bom de ouvido sabe que a última sílaba de uma palavra em uma frase não se ouve, adivinha-se pelo sentido. Um “Como vai de saúde?”, sai quase como um “Como vai de saú?”. Se os ingleses transformam consoantes de palavras em vogais, bravo, isso é mesmo um fenômeno linguístico. Se os norte-americanos pegam os tês e põem em seu lugar erres, isso só pode mesmo ser inglês moderno. Bravo.

No Brasil, na região que move a economia, quando um paulista insiste em pronunciar “record” à inglesa, mas com erres à brasileira, ou quando pronuncia “meni”, em lugar de “menu”, está apenas no exercício da sua cultura poliglota. Aplausos. Quando ele, no bar, pede um só, mas ainda assim pede “um chopes”, é uma graça. Viva. Mas um “oxente”, um “arretado”, que traem e trazem a marca da fala de nordestinos, desses baianos, desses nortistas, ah, isto só pode mesmo ser uma prova insofismável de subdesenvolvimento.

Isso comentamos à margem, do texto do léxico das empregadas e da grande mídia. Mas o pequeno dicionário para as empregadinhas não sofreu qualquer indignação patriótica, lembramos bem. Faz sentido, enfim. Como dizia Marx, ao lembrar as diferentes traduções de classe, os proletários se embriagam no bar, os burgueses vão ao club.

*Urariano Motta é pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo.

O Estado de São Paulo, 27/05/2012

Disp.em: http://www.diretodaredacao.com/noticia/o-dicionario-das-empregadas-domesticas

O Estado de São Paulo, 27/05/2012