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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Que cidade merece ser sucumbida pelo lixo???????????

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Essa é a imagem do desespero, do medo, do terror e da injustiça. Uma cidade e sua história podem ser sucumbidas pelo lixo coletivo. É irônico, mas lembramos aqui o Padre Antonio Vieira em O Sermão de Santo Antônio aos Peixes quando diz que "É preciso muitos pequenos para alimentar um grande". Pois é, o CAPITALISMO venceu mais uma vez! O povo da cidade de Puxinanã terá sua história manchada e SUJA pelo lixo coletivo de Campina Grande que será, simplesmente jogado na cidade, como mostram os dados na figura ao lado. Esse fato revela um escuso acordo entre os respectivos prefeitos e muuuuito provavelmente as grandes construtoras que estão investindo em Campina Grande, especialmente as que têm planejamentos para ocupar os espaços próximos ao antigo lixão. Especula-se que além de condomínios de luxo também será construído um shopping próximo ao espaço antes ocupado pelo lixo. Dessa forma, teriam que dar um destino ao lixo e, como é de praxe, chegaram a conclusão da vulnerabilidade da cidade de Puxinanã por ser geograficamente afastada da BR e assim poderia esconder a "sujeira" e depois por ser, a cidade, um lugar pouco desenvolvido, ou seja, trata-se de um lugar que não interessa, pelo menos por enquanto, à especulação capitalista de espaços imobiliários. Mesmo assim, com a beleza natural que a cidade possui, os lajedos, açudes, lagoas e o famoso "tanque preto" poderiam investir no Turismo, mas o poder público, que comandou o município durante muitos anos só se preocupou com o próprio bolso. Então nos vem a pergunta: Porque os prefeitos das citadas cidades não fizeram um acordo para levar uma indústria ou algo que possibilitasse mais empregos ao povo puxinanaense, para que pudesse elevar a renda dos habitantes da cidade? A resposta é muito simples: é mais fácil matar um moribundo do que gastar reais para que recupere a saúde.

Diante disso não podemos nos furtar à indignação pela injustiça com que está sendo tratada a cidade de Puxinanã, é como apagar um povo e sua cultura. Mas isso não é novidade no Brasil, é só olhar as histórias das construções das grandes hidrelétricas, a exemplo das construídas nos arredores da cidade de Paulo Afonso-BA, e podemos observar povos que perderam sua história, sua cultura e sua identidade que foram afogadas pelas águas das barragens das hidrelétricas. Assim, é sempre o sacrifício de muitos, sobretudo dos mais pobres, em benefício de poucos (os ricos)!!!

Maria do Socorro P. de Almeida

O poema abaixo foi publicado em 2004 no livro "Mundo, linguagem e literatura ao gosto popular", de minha autoria. Hoje não posso deixar de me indgnar com a usurpação do meu lugar de memória. Sou filha de Campina Grande, mas meus avós eram de Puxinanã e esse é o meu lugar de memória, de infância, de sonhos ... Acho que o problema do lixão deveria ser resolvido, mas não dessa forma, pois  não posso, para limpar o meu quintal, jogar o lixo no quintal do vizinho e é isso que está acontecendo. Portanto, peço, em nome dos nossos antepassados e dos atuais habitantes da cidade, que as autoridades repensem sobre essa atitude de pessoas que serão beneficiadas com isso, não é difícil de imaginar quem são elas quando observamos as vantagens políticas e financeiras que estão em jogo.

Puxinanã, outra Canção do Exílio


Minha terra tem fruteiras!
E o progresso não importa
Som de casa de farinha...
Hummm! de cuscuz de mandioca.
As aves que lá gorjeiam
Comem milho não, pipoca.
Dela, lembro tarde e manhã...
Por isso eu hei de voltar
ao lugar Puxinanã.


Minha terra tem jaqueira,
Manga, pitomba e cipó
também tem as palmeiras
onde canta o curió.
Tem açude, tem lagoa
Que a seca torna pó.
Mesmo sem curimatã
Ainda hei de voltar
ao lugar Puxinanã.


Minha terra é bonita
Andorinha... arribação...
Vê-se até o sabiá
A cantar pela manhã
Crianças brincam de roda

sem medo do amanhã.
Não permita Deus que eu morra
sem mais ver Puxinanã!

Ao cismar, sozinho à noite
Pouco prazer encontro eu cá
Não permita Deus que eu morra
sem que volte para lá.
Soltar pião, papagaio...
Sem ver o tempo passar.
Ouvir o apito do trem
Quando um amigo chegar.
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá!

Minha terra tem vizinhos
Com mútua consideração,
tem a missa de domingo
E o povo em comunhão.
Tem calçada e muita prosa
pra depois da refeição.
Cajueiro... bananeira...
Tem até pé de romã,
Não permita Deus que eu morra
Sem mais ver Puxinanã!



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